Resenha do livro: Cartas a um jovem poeta de Rainer Maria Rilke
a minha primeira e a pior, mas a melhor possível
O professor Rodrigo Gurgel indicou a leitura de um livro, tomei nota. No outro dia, a nota de rodapé de um parágrafo que eu estava lendo recomendou o mesmo livro. Comecei a suspeitar que estava sendo seguida.
Até que na aula da Oficina de Escrita os professores Raul Martins e Rafael Censon indicaram o dito livro. Ok, o tal do livro não estava só me seguindo, já tava se amostrando. Cedi e comprei. O bendito é Cartas a um jovem poeta por Rainer Maria Rilke.
Confesso que logo de cara tive as minhas expectativas frustradas. Achei que seria um livro padrão Sobre a Escrita do Stephen King (que é um livro bom, eu recomendo). E esse livro do SK traz um pouco da história dele como escritor, os bastidores de alguns livros e algumas dicas praticas de escrita.
Já o Cartas a um jovem poeta não tem nenhuma dica e mesmo assim ele entregou tudo o que eu precisava ler.
Encontrei algo mais profundo, que por consequência, aprofundaria as minhas próprias raízes como escritora e que me forjaria para enfrentar as intempéries internas e externas da vida criativa firme, forte e dando fruto no tempo certo.
Esse livro é sobre o processo de amadurecimento do artista. Veja na citação abaixo que eu registrei.
Amadurecer como a árvore, é entender que a nossa habilidade não surgirá magicamente rompendo a ordem natural da vida. Ela começará como semente cheia de potencial que precisará ser regada no período necessário, adubada, podada através das rotinas criativas diárias, para continuar crescendo e amadurecendo aos poucos num ritmo constante até florescer e frutificar.
Falar sobre esse período enquanto nos tornamos me lembrou muito da minha crônica Sobre o ornitorrinco, o meu cabelo e Fernando Pessoa , onde desabafado sobre a angústia de viver esse pedaço de tempo entre o que fomos e o que queremos nos tornar.
Rilke diz que um escritor (artista) é forjado nesses momentos de transição e que o desconforto não deve ser estranhado mas esperado. E que a travessia dessa ponte entre deve ser desfrutada apesar das dúvidas, inseguranças e medos. Ele nos convence a aceitar o incomodo como um sinal de que a transição que desejamos está acontecendo no exato momento em que vivemos.
Eu poderia ter investigado mais e desfrutado mais dessa leitura, mas essa é a minha primeira resenha e o meu primeiro contato com o autor, eu prometo que os meus próximos trabalhos serão melhores.
Encerro resumindo que Cartas a um jovem poeta é um livro que nos ajuda a aceitar, entender e desejar o desconforto de “ser” enquanto nos “tornamos”.